domingo, 28 de maio de 2023

Só alegria, tristeza é doença!

A primeira sessão foi cheia de ansiedade e expectativas. Estavamos esperando algo, só não sabiamos o que. Foi num sábado, dia 22/04/2023. Estava bem frio, tanto que levamos cobertas e casacos, mas não foram suficientes. Foram 3 doses em copo de café, esparçadas num período medio de 3 horas entre elas. São Chamadas de RODADAS. Era muito comum ouvir os Xondaro (guerreiros que guiam as almas pelo caminho da cura) falando sobre algo que "está chegando" e a frase: "Só alegria, tristeza é doença." Era um ambiente alegre e acolhedor. Fomos muito bem recebidos, tanto que nos sentimos em casa desde o primeiro momento. Foi nos dito que nossas almas já estavam lá, antes mesmo de irmo para a CASA SANTA -uma casa de pau a pique construída para cerimonias religiosas onde é necessária a concentração dos elementos e energia- acredito eu ser por no dia anterior termos passado pela casa em um passeio turístico. Os Xondaros fizeram uma explicação do que iria acontecer e do que poderiamos já esperar. Estou hoje na minha busca pelo auto-conhecimento à quase cinco anos, já passei e revivi muitas coisas, me curei e reabri feridas para limpá-las. Chorei, sorri, sonhei, mas sempre sozinha, com mantras em sânscrito, incensos e canabbis, em alguns momentos foram meditações guiadas, outras livros, outras músicas e mais meditações e yoga. Enfim foi um caminho longo que aos poucos me mostrou o quanto era ferida pelo tempo que vivi neste corpo. A cerimônia iniciou com preces, cânticos e danças típicas guarani, Nós dançamos e tocamos maracas no processo musical. As canções e orações eram entoadas ao vivo. Ao fim das danças todos os que iriam participar deviam se aproximar e pegar um copo com a consagração. Tomei um copo cheio, pelo que parece, mais do que a média consegue tomar. NOs sentamos e esperamos enquanto a música reproduzida no rádio tocava em um volume intenso e alto. As músicas já nos eram familiares, afinal usamos muitas das mesmas nas práticas meditativas e de yoga ou mesmo alongamento. Nada muito especial aconteceu, foi uma sensação leve de contentamento e paz, mas no fundo algo estava querendo sair, muito muito no fundo mesmo. Quando fomos para a segunda rodada muita coisa aconteceu. Aos poucos as visões vieram, junto com sensações e transes profundos. Eu queria experimentar, ver as possibilidades, o que eu poderia construir naquele estado da mente. Em um momento de equilibrio retornei para dentro e busquei minhas feridas. Busquei a mais dolorosa, que é a busca pela cura para estas sessões: Não posso ter filhos, ou pelo menos não os tive ainda, mesmo estando com 33 anos. Quando desci na profundidade do que estava sentindo, percebi que não tinha sido amada como uma criança precisa, que toda dor acumulada estava presente em forma de raiva e rancor. Mergulhei ainda mais e chorei, deixei sair toda a dor, deixei limpar. Aos poucos foi acalmando, fui novamente entrando em sintonia com o vento, com a terra, e descobri minha paz. Mantive essa paz por alguns dias depois da consagração, principalmente mergulhada em uma música que me embalou pela minha viagem. Chama-se Mensageiro do amor (beija-flor), não me recordo de quem é, mas leva sua alma em seus embalos e guia a luz até seu caminho. Ao final comemos algumas coisas preparadas pela comunidade, tomamos café e conversamos, muito sobre toda a prática, trocamos informações e experiências. Viemos para casa e ficamos na cama até dormir.

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